Desafios para o planejamento e gestão agrícola
Luiz Henrique Pereira - Gestor de PD&I
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Seja bem-vindo ao blog da IDGeo. Neste post convido você para saber um pouco mais sobre como funciona a governança de dados geoespaciais. Trabalhar a Geoinformação é nossa especialização. Venha comigo!
Você consegue imaginar o mundo de hoje sem as informações de geolocalidade?
Google Maps, Waze, rastreamento de veículos, monitoramento ambiental, previsão de tempo e clima, entre tantas outras ferramentas utilizam-se da geoinformação.
Geolocalização na palma da mão
O aperfeiçoamento e difusão das geotecnologias nos últimos 30 anos foram tão expressivos, que hoje em dia é muito difícil encontrar algum segmento da sociedade que não tenha acesso, ou que não se apoie em informações geolocalizadas para planejar e conduzir suas atividades diárias a partir de um aparelho de celular.
O prefixo “geo”, antes restrito ao universo acadêmico, se popularizou no cotidiano e nos jargões de mercado, de modo que não é preciso ter conhecimento técnico no assunto para entender que se refere a um conceito de alto valor estratégico. Tão estratégico, que praticamente todas as tecnologias incorporaram a capacidade de registrar uma componente de localização. Isso por que está se evidenciando que compreender a distribuição espacial de qualquer elemento e/ou fenômeno (justamente o que os mapas nos oferecem) é um excelente meio para otimização de tempo e recurso, pois nos permite exercer o controle, planejamento e gestão mais condizentes com a realidade. Acredito que o advento da Agricultura de Precisão (#agriculturadeprecisao) seja o maior expoente deste exemplo.
As principais geotecnologias
De modo simplista, é por esta razão que o espaço agrícola (#gestaoagricola) se apresenta como o principal palco promotor das geotecnologias. Com um território de ação expressivo e inúmeras operações simultâneas, ele é capaz de incorporar diversas ferramentas dedicadas à aquisição, registro e visualização de dados geoespaciais (#geoespacial), como imagens de satélites, Vants, sensores de solo, piloto automático, computadores de bordo e Sistemas de Informações Geográficas (SIG), de modo que todo o universo de maquinários, pessoas e tecnologias que dão o tom da dinâmica da produção agrícola, principalmente na indústria de larga escala, registram dado de localização muitas vezes na frequencia de segundos.
Entendendo que as operações no campo são praticamente ininterruptas, fica fácil se perder tentando dimensionar a quantidade de dados produzidos em um único dia de safra. E vem a questão elementar: O que se faz com toda essa imensidão de dados de elevado potencial estratégico?
E nos deparamos com o fato de que atualmente, a capacidade de gerar e armazenar dados é infinitamente superior a capacidade de analisá-los e utilizá-los em todo seu potencial.
Este é o cenário predominante de qualquer segmento que produz e consome geoinformação, seja privado ou público: Dados diversos, de naturezas variadas, descentralizados, e cada um com suas estruturas específicas, dificultando a manipulação, inviabilizando a visualização integrada, e que pouco podem contribuir para tomadas de decisão seguras e efetivas.
Essa falta de organização, via de regra, é acompanhada da impressão de que a tecnologia não traz o retorno esperado, e que toda a expectativa de ganho fica apenas no marketing do produto. E realmente, se não conseguir ver e medir aquilo que que se está executando, fica muito difícil sustentar os argumentos dos benefícios prometidos no início do projeto.
Mas o pior é constatar que este fato não é um problema recente, mas que foi apenas acentuado pelo crescente volume de dados da última década. Haja vista a conclusão do parecer da Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente apresentado em 1992:
“...a qualidade dos dados usados não é adequada e, mesmo onde existem dados, e ainda que estes sejam de qualidade satisfatória, a sua utilidade é reduzida por restrições de acesso ou por falta de padronização dos conjuntos de dados.”
Se isolarmos essa frase do seu contexto histórico, e inseri-la em um relatório de avaliação sobre a eficiência do uso de tecnologias em qualquer empresa, certamente ainda fará muito sentido.
Ou seja, estamos patinando no mesmo problema[1] há mais de 30 anos. De qualquer forma, é neste contexto que a governança de dados geoespaciais se apresenta com extrema relevância.
[1] Avaliar esta questão exige uma discussão específica, mas acho importante deixar registrado alguns temas para se pensar: A) Velocidade de difusão Vs. banalização técnica; B) Desenvolvimento tecnológico Vs. Capacidade de assimilação/absorção da tecnologia; C) Velocidade de desenvolvimento tecnológico Vs. Capacidade de adequação de procedimentos metodológicos.
Problemas antigos, soluções novas
Governança resume um conjunto ordenado de ações e conceitos com o intuito de garantir o melhor uso dos dados geoespaciais, maior agilidade para acesso à geoinformação, maior segurança na disseminação e compartilhamento do dado, evitando duplicidade de esforços, e otimizando os recursos já existentes.
Assim, a governança de dados tem como alicerce a definição de políticas, padronizações e melhores práticas para:
a) Gestão dos dados; b) Qualidade; c) Segurança; d) Interoperabilidade.
Em um cenário de incorporação efetiva da governança de dados geoespaciais no processo de produção agrícola, o resultado imediato é a garantia de que os registros da etapa de preparo de solo, por exemplo, sejam armazenados dentro de uma periodicidade predefinida, devidamente identificados (metadados), editados, corrigidos (topologias) e disponibilizados (compartilhamento) em uma estrutura exatamente igual àquela em que serão armazenados todos os outros dados produzidos. Esta padronização dos dados independe da etapa em que foram gerados, da equipe responsável, da escalas e datas em que foram obtidos, e dos processos e tecnologias utilizados.
A governança, portanto, deve garantir que toda variedade de dados esteja amarrada à uma mesma “base”, capaz de traduzir toda diversidade em informação consistente.
Aos gestores, não importa a origem do dado, mas sim que ele seja consistente e disponível para consulta e análise; aos especialistas de planejamento e controle, importa que estejam prontos para integração e geração de novos conhecimentos, e aos usuários técnicos, cabe garantir a segurança e qualidade de todo conjunto de dado.
Considerando esta rápida descrição, ainda é possível que cada gestor de área adote a sua própria política de governança, o que pode ser um bom início, mas ainda assim deixaria a desejar no quesito de integração de dados e produção de novos conhecimentos. Mas quando a política de ordenamento ganha uma dimensão corporativa, em que todos os agentes envolvidos se submetem a mesma regra, todo sistema evoluí para a denominada Infraestrutura de Dados Espaciais - IDE.
Um pouco da experiência da IDGeo atuando em usinas canavieiras, nos mostra que quando conseguimos implementar este ordenamento no cotidiano dos processos agrícolas, com envolvimento dos diversos setores, naturalmente há maior demanda pelo uso da geoinformação, e mesmo as decisões operacionais conseguem ser pautadas em estratégias seguras e objetivas.
A cultura de usar geoinformação, de pensar geograficamente na resolução dos problemas (inteligência geográfica) deve ser construída em um plano de longo prazo, mas os benefícios são imediatos à sua adoção.
Muitas vezes percebo que a ansiedade pelo avanço de novas metodologias na área de Inteligência Artificial vai no sentido de contornar essa necessidade primária de organização dos dados, numa esperança de que seja possível extrair novos conhecimentos a partir de um “bando” de dados caoticamente organizados em um sistema.
Quando trabalhamos com modelagem de dados em cartografia, é sempre bom termos em mente que: “o resultado final de uma análise jamais será melhor do que a qualidade dos seus dados de entrada. Ou seja, dar atenção à qualidade inicial, é uma condição para maior segurança na tomada de decisão. Se quisermos amadurecer as tecnologias já disponíveis, e avançar na utilização de novas geotecnologias, é fundamental evoluirmos na prática as questões da governança.
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